terça-feira, 26 de abril de 2011

10 de Abril 2011 – Marrakesh, por Cristina Ribeiro

10 de Abril de 2011

Marrakesh

Acordámos às nove com muita dificuldade. Tínhamos entrado na véspera tão perdidos de sono que não tínhamos tido oportunidade para ficar com uma ideia do hotel. É engraçado, construído em torno de um pátio central em forma de hexágono, com direito a piscina para banhos e SPA. (…) Ao acordar foi só vestir e descer para o pequeno–almoço. À hora combinada lá estávamos todos a tomar o costumeiro pequeno-almoço de hotel.

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Às dez estava previsto partirmos para um tour guiado (…) Atrasos sobre atrasos e partimos eram 10:45.

A primeira paragem foi nos jardins Majorel. Obedece ao amor particular que os povos do deserto têm aos espaços verdes e com água. Foi comprado e restaurado por Yves Saint Laurent para um seu namorado, e tem um memorial minimalista ao costureiro perante o qual a Rita disse: “Havia muito para dizer mas não temos tempo”.

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Depois de deambular pelos jardins, que deram belas fotos de rãs, cactos e cágados, matizados por entre o azul cobalto e o verde,

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dirigimo-nos para a antiga Mesquita Koutoubia com um minarete que sobranceia toda a Marrakesh antiga.

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De seguida fomos visitar os túmulos dos Reis Saudidas, exemplos da arquitectura tradicional árabe.

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Enfiaram-nos, como é costume em todas as excursões, numa loja tipo perfumaria/farmácia, onde se vendiam todo o tipo de ervas e especiarias, perfumes e mezinhas.

O Jorge estava particularmente interessado num chá afrodisíaco

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e as meninas nos produtos de cosmética à base de óleo de argan.

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Servi de cobaia para um produto qualquer para pintar os lábios e fiquei feita palhaça (para não dizer  coisa pior) pintada de carmim nos lábios. Um horror!

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Fomos almoçar num restaurante espectacular chamado Riad Mohan, creio, com bancos reclinados tipo Sheerazade e um menu fixo de 18 € que se traduziu num exagero de comida para a malta toda. Comi um couscous que dava para três pessoas. No mínimo!!!!

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Depois de almoço fomos finalmente até à famosa praça Jemaa El Fna, onde os franceses no período da ocupação se entretinham a cortar as  cabeças dos criminosos, só para marcar posição. Mas acredito que a tradição vem de trás, pois os marroquinos, entre eles, tinham fama de grandes crueldades. Daí o nome de “Assembleia dos Mortos” lhe vir com certeza de tempos anteriores, pois califas e sultões não eram para modas.

Atravessámos a praça com a rapidez possível no meio daquele extraordinário caos de bancas de comida,vendedores da banha da cobra, aguadeiros, encantadores de serpentes, a somar a transeuntes que passeiam em todas as direcções, juntamente com motoretas e bicicletas que apitam para agravar a cacofonia dos batuques e pífaros.

Seguimos na direcção do intrincado de ruelas encantatórias do Souk.

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Lojinhas de tudo e mais alguma coisa com os respectivos artesãos a mostrar, insistentemente o produto da sua arte, de ferro forjado ou couros ou cerâmicas, ou de tudo um pouco, não sem antes ter passado pelas tâmaras , azeitonas, pistácios, tudo a granel em cestas ou aquela colecção colorida de doces caramelizados, com diferentes feitios.

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Esta travessia do Souk era com o objectivo de visitarmos a Madrassa Ben Youssef, mais uma vez no tradicional estilo arquitectural árabe. A sua fundação datava do sec. XIII (não sei se deles se nosso) e consistia num pátio central com um lago para as ablações que antecediam a mesquita.

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Em redor do pátio, num andar superior ficavam os diferentes quartos dos estudantes que estudavam matérias como matemática, geometria ou filosofia e teologia, claro, já que só podia entrar para a madrassa quem fosse capaz de decorar todos os versículos do Corão. Dava para imaginar os jovens rapazes espreitando das janelas rendilhadas, só homens claro, pois às mulheres, estas coisas estavam naturalmente vedadas.

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Saídos da madrassa regressámos ao souk, espreitando em cada ruela ou lojeca, e em cada uma, um colorido de sapatos, de rostos, de panos, de latões dourados ou espelhos, sempre com gente de um lado para o outro, em constante movimento por entre o dédalo de ruas. De volta à praça o guia conduziu ao hotel o Rocha, o Carlos e a Cacilda, enquanto os restantes ficaram para apreciar o famoso fim de tarde na praça Jemaa.

Resolvemos subir à varanda de um dos cafés que a rodeiam para poder ver melhor, e aí sim, pudemos desfrutar daquele mar de gente ululante, que se agrupa em torno de trupes de acrobatas, ou tocadores e tambores ou vendedores de tudo um pouco e que arranjam todos os subterfúgios para cobrar mais um “dirham” “dirham”.

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Para uns é um macaco amestrado que trepa por nós acima, para outros são as cobras, que parecem meias mortas mas provocam grande excitação entre os estrangeiros passantes.

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As figuras mais interessantes desta babel são os aguadeiros com vestes super coloridas, onde predominam os vermelhos, e canecas de latão dourado onde fornecem de beber, mas que fundamentalmente cobram à fotografia. O seu apetrecho mais notável é um chapéu colorido, tipo sombrero pontiagudo, com borlas, que lhes dão um ar vagamente deslocado, mas que os tornam visíveis em qualquer ponto da praça.

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E por ali estivemos, a observar este vaivém de gente, caleches, motoretas, até ao por do sol.

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Depois fomos petiscar na praça algumas especialidades locais, antes de regressar a correr para o hotel onde tínhamos combinado um encontro com o guia.

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Quando chegamos, para adiantar serviço fizemos o pagamento do quarto, e esperámos por ele. A chegada do guia Abdula trouxe uma nova surpresa:

  • As mulas que carregam os materiais, por causa da neve, não vão até ao abrigo, por isso, vamos ter que levar as mochilas carregadas com os nossos pertences pelo menos durante uma ascensão de 700 mts. Vai ser obra.

Fomos para o quarto, a correr, refazer as mochilas e tentar ao máximo racionalizar as coisas a levar.
Depois foi banho e cama. Vamos ver o que nos espera amanhã.

NOTA: Fotos de Cacilda e Jorge

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