Olá.
Este texto escrevi eu depois de ter feito a minha primeira subida, em Agosto de 2006.
Gostava de fazer este post para inspirar os meus companheiros.
Bjs,
CR
1 de Agosto de 2006
- O Pico –
Vista de baixo a montanha ergue-se portentosa, negra no seu recorte intransponível. Negra e contorcida de pedras negras, retorcidas em vómitos de fogo.
Reverente, encaro a subida com o temor do esforço, com o temor do medo. Medo desta luta entre mim e a montanha.
Mãos e pés, pernas e suor e garra e muita raiva para lutar contra as pedras negras, contorcidas que se levantam, erguem sempre e sempre no caminho.
E cada pedra negra que afasto e ultrapasso, ela, a montanha, cínica matreira, velha de anos, faz erguer outra e mais outra, rindo da futilidade, brincando, desafiando o meu esforço:
_ Ah! E esta agora, vá, sobe, tenta, Ah! Ah!
De olhos fitos nas rochas, não me atrevo a levantá-los a não ser para o caminho que deixei para trás, porque a montanha, cínica matreira, me desafia e diz:
_ Só isto? Vê lá o que tens pela frente! Ahh! Ahh!
A boca seca já pelo esforço, as pernas doridas pedem para parar, mas o riso da montanha, cínica matreira, faz cerrar os dentes, faz crescer a raiva de vencer.
A luta fica mais renhida. A velha matreira enraivecida torna o caminho mais duro, as pedras mais negras e mais ásperas, abre armadilhas, escorregas de pedras pretas, buracos de tufos escuros, rochas rugosas e retorcidas, sempre e sempre, sempre piores.
Quando finalmente o meu corpo se ergue sobre a ultima pedra, sobre a ultima rocha, a velha montanha, cínica matreira, que me acompanhou e me desafiou todo o caminho, ri a grande gargalhada, e companheira amiga dos caminhos difíceis diz:
_ Vês! Conseguiste! Agora seremos as duas, uma só, para todo o sempre.
E brindei a esta nova amiga com lágrimas de felicidade.
Cristina Ribeiro
Sem comentários:
Enviar um comentário