sexta-feira, 8 de abril de 2011

A Montanha, por Cristina Ribeiro

Olá.

Este texto escrevi eu depois de ter feito a minha primeira subida, em Agosto de 2006.

Gostava de fazer este post para inspirar os meus companheiros.

Bjs,

CR

1 de Agosto de 2006

- O Pico –

Vista de baixo a montanha ergue-se portentosa, negra no seu recorte intransponível. Negra e contorcida de pedras negras, retorcidas em vómitos de fogo. 

Reverente, encaro a subida com o temor do esforço, com o temor do medo. Medo desta luta entre mim e a montanha.

Mãos e pés, pernas e suor e garra e muita raiva para lutar contra as pedras negras, contorcidas que se levantam, erguem sempre e sempre no caminho.

E cada pedra negra que afasto e ultrapasso, ela, a montanha, cínica matreira, velha de anos, faz erguer outra e mais outra, rindo da futilidade, brincando, desafiando o meu esforço:

_ Ah! E esta agora, vá, sobe, tenta, Ah! Ah!

De olhos fitos nas rochas, não me atrevo a levantá-los a não ser para o caminho que deixei para trás, porque a montanha, cínica matreira, me desafia e diz:

_ Só isto? Vê lá o que tens pela frente! Ahh! Ahh!

A boca seca já pelo esforço, as pernas doridas pedem para parar, mas o riso da montanha, cínica matreira, faz cerrar os dentes, faz crescer a raiva de vencer.

A luta fica mais renhida. A velha matreira enraivecida torna o caminho mais duro, as pedras mais negras e mais ásperas, abre armadilhas, escorregas de pedras pretas, buracos de tufos escuros, rochas rugosas e retorcidas, sempre e sempre, sempre piores.

Quando finalmente o meu corpo se ergue sobre a ultima pedra, sobre a ultima rocha, a velha montanha, cínica matreira, que me acompanhou e me desafiou todo o caminho, ri a grande gargalhada, e companheira amiga dos caminhos difíceis diz:

_ Vês! Conseguiste! Agora seremos as duas, uma só, para todo o sempre.

E brindei a esta nova amiga com lágrimas de felicidade.

Cristina Ribeiro

Sem comentários:

Enviar um comentário