terça-feira, 26 de abril de 2011

11 de Abril 2011 – A Caminho do Atlas, por Cristina Ribeiro

11 de Abril

A Caminho do Atlas

À hora combinada, 06:45 a Rita acordou e foi tomar banho.
Na véspera tínhamos retirado tudo das mochilas, espalhado em cima da cama e feito “a verdadeira selecção” deixando de tudo para trás. Polares a mais, calças de chuva, meias: “A montanha torna-nos simples e humildes”, disse a Rita depois de termos conseguido arrumar os nossos pertences numa única mochila para cada uma de nós e num saco à parte só com os crampons e as botas de montanha.
Depois do banho descemos para o pequeno almoço e de seguida fomos buscar a bagagem que iria ficar no hotel até ao nosso regresso.


Abduhl veio-nos buscar para nos conduzir a Imlil, já no Atlas, através de uma planície diferente dos arredores áridos de Marrakech, com diferentes cultivos e onde se notava a presença de água vinda das montanhas.



As montanhas do Atlas... Só as palavras fazem lembrar aventuras de heróis míticos, carregadas de intrigas e traições. Será isso que nos espera?

Em Imlil foi tempo de chá e bolos, e de carregar as bagagens nas mulas, e começar a subir. A partir daqui o nosso guia vai passar a ser o Mohamed, assistido pelo Lassil.


Este trecking inicial foi feito através de uma paisagem maravilhosa de árvores floridas; macieiras e nogueiras. As aldeias confundem-se com a paisagem rochosa e acastanhada. E a montanha traça o seu recorte branco por trás.


Subimos com bom espírito, bom ritmo e animação até Sidi Garamouche.



Aqui parámos para almoçar, bem e muito: massa com atum, tagin, sardinhas em lata e salada muito migadinha, como se faz no Algarve. Tudo sempre acompanhado de chá de menta, está claro.


Na aldeia o Imã chamou para a oração e os homens e mulheres foram-se aproximando e entrando, uns por uma porta e outros por outra, numa pequena mesquita construída em torno de uma enorme rocha pintada de branco, para assinalar o seu carácter sagrado. 



Depois foi colocar as mochilas, pegar nos bastões e recomeçar a subir. A dificuldade aumentou. Vamos subir de 2270 mt para 3307 até ao refúgio.


Começaram a sentir-se os efeitos da altitude; mas o ritmo é pausado, como é usual nestas progressões.


Quem aparentemente, sofreu mais com a altitude foi o Carlos, apesar da Maria também denotar algum cansaço. Eu ressenti-me da enorme constipação que tenho, com uma tosse cavernosa e dificuldades em respirar. Chegados ao ponto em que as mulas não puderam avançar mais, por causa da neve, uma equipa de quatro carregadores ajudou a levar as bagagens.


Finalmente, no meio da neve, avistámos o que vai ser a nossa casa nos próximos três dias.


Na aproximação já se sentia o efeito sério do cansaço e o Carlos sentiu-se francamente mal. O Jorge acompanhou os seus últimos passos até ao refúgio, incentivando-o.


Chegámos depois de um trecking de cinco horas e meia, tínhamos partido de Imlil às 11:00h. Tirámos as botas e roupas molhadas, para aquecer rapidamente. O Carlos teve que se deitar e ficar a descansar enquanto o resto da malta foi tomar um chá (o lanche do costume) antes de jantar.

O Refúgio do Toubkal é melhor do que eu esperava. Os quartos são camaratas, mas têm colchões e almofadas (que luxo).


O quarto onde ficámos dava para vinte e quatro pessoas. Tem duas boas salas de jantar e uma sala de convívio com lareira. Em baixo, os sanitários não são maus e, pasme-se, têm duche com água quente e tudo.


Como o refúgio também tinha internet, depois de muito esforço, lá se conseguiu enviar uma fotos e notícias para o blog. Jantámos sopa, tagin e yogurte à sobremesa e depois de novas tentativas na net, foi cama prá malta toda.

PS: Um extraordinário esquecimento meu. Deixei a peça de fecho do camelbag não sei onde. Espero poder beber água de garrafas, sem congelar.

Nota: Fotos da Cacilda

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